"A palavra falada é um fenômeno natural; a palavra escrita é um fenômeno cultural"

(Fernando Pessoa)

sábado, 19 de setembro de 2009


"- Foi tão facil conseguir e eu me pergunto e daí? Eu tenho uma porção de coisas grandes para conquistar e não posso ficar aí parado.."

domingo, 13 de setembro de 2009


A dor mais incômoda é aquela oriunda das consequências.
Medí-la antes é tarefa árdua, complicada e evitada.
O indivíduo tenta. Erra 1, erra 2, erra 3, erra 4... E
sempre tenta outra vez, bom seria se aprendêssemos
com os erros dos outros, aprender com o próprio é uma
tremenda burrice!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Fila


Estava na fila lendo o jornal com as vagas disponíveis de emprego quando chega uma mulher e fica resmungando baixinho como se já estivesse cansada de esperar, pouco tempo depois chega um outro rapaz e questiona se aquela fila é para emprego e esse mesmo rapaz conhece outro senhor que estava a minha frente. Quando me dei conta estávamos nós quatro conversando. Pensei: - Comprei o jornal e não conseguirei lê-lo! A princípio achei que estava perdendo tempo com aquela conversa mas não tinha outra alternativa, a culpa é da fila . Aos poucos fui percebendo que a vida é dura mas as pessoas tornam-na ainda mais. A mulher aparentava ter 30 e poucos anos, separada, com um filho de 3 anos e trabalhava em casa como cabeleireira para pagar os R$ 80,00 à previdência e a disposição de pagar durante 25 anos para só então se aposentar (não entendí porque ela estava alí, já estava "empregada"). O senhor aparentava ter quase 50 anos, pai de 5 filhos e procurava a vaga de servente de obras. O outro, totalmente sem juízo, também era candidato à vaga de servente e seria pai dali a 7 meses conheceu sua esposa a pouco tempo! Esposa? Digo, namorada!Quer dizer, peguete!Redigo, juntada! Que seja, isso gera outra discussão.
Mostrei o jornal com as vagas para aquela mulher e ela nem deu muita idéia, passou o olho e só - essa mulher só pode estar inventando moda, pensei encucado - e depois logo mudou de assunto. Falei com o senhor que a Universidade está passando por obras e está recebendo currículos, a resposta? "Ah não, pra isso terei que acordar 5 horas da manhã pois moro longe". Depois disso me contive e não indiquei mais vaga alguma. Por último, o rapaz! Pra ele não disse nada, pois já havia reclamado que trabalhou num supermercado de 2ª a 5ª em horário integral por míseros cento e trinta reais. A fila começou a andar, pegamos a senha e ficamos esperando. A conversa foi ficando íntima ao ponto de um começar a zuar o outro com píadas sem graça do tipo: "tem vaga para padeiro, você que gosta de queimar rosca" essa tá velha. "esse bonezinho aí fará sucesso no miss gay". O boné era roxo, rosa, branco e verde (deu p imaginar? Uma mistura entre a grandiosa Mangueira com os trejeitos de um pagodeiro) e por aí vai, por fim já estava forçando o sorriso pra não parecer antipático. Chegou minha vez, fui muito bem atendido e pela primeira vez nem sentí o cansaço da espera. Será que foi o bom atendimento ou as piadas anteriormente expostas? O "queimar rosca" me fez tão bem assim? Tô fora, prefiro acreditar na outra opção. Quando estava indo embora a mulher me chama:
Eu - Fala!
Ela - Estamos combinando de tomar um gelo, vamos?
Eu - Tenho compromisso, apesar de ser sexta-feira. (eram 10:30 da manhã, nunca bebi neste horário de uma 6ª).
Ela rindo responde:
Ela - Rapidinho, a gente merce.
Cheguei a cogitar se aquela mulher não estava me cantando quando o senhor entra na conversa:
Senhor - É só uma, ela vai pagar.
Eu - gostaria muito de ir (há tempos não era tão falso, rs) mas um brinde a vocês e boa sorte!